No dia 25 de Outubro deste ano, a revista Servir ao Povo endereçou um artigo público ao EDR, na qual respondemos neste texto. Defendemos que, independentemente do tamanho do secto e organização, o debate e a troca de ideias deve ser realizada de forma aberta, não só em termos de visibilidade e exposição das ideias como também da aceitação da crítica e da imposição da autocrítica.
O tal artigo contém um desenvolvimento que visa expor o carácter revisionista do PCP, compartilhando assim, não da mesma forma, a visão crítica do EDR em muitos aspetos.
Serve de importância maior responder não às críticas ao PCP, porque, respeitando a análise realizada, não é onde se encontra a divergência, mas sim ao conteúdo que se encontra no fim do artigo, um convite para a reconstrução do Partido Comunista sob a vertente de pensamento maoísta.
Primeiro, ressaltamos que no EDR não existe espaço para o culto da personalidade. Cada figura política que faz parte do movimento comunista merece o mesmo tipo de análise crítica. Podemos reconhecer os incontornáveis contributos de Marx, Engels e Lenin mas desenhamos a linha no que vem depois. O nosso movimento comunista encontra-se longe sequer de perceber a essência do marxismo, refletido na negação da ditadura do proletariado por parte do PCP. Torna-se então de utilidade reduzida entrar em louvores a uma liderança Stalinista extremamente complexa (que nos trouxe por exemplo um aval positivo à criação de um "Estado" sionista) ou a um "presidente" que formulou "conceitos universais" que se baseiam numa guerra precoce que não contempla com nenhuma prova material.
Em segundo, afastamo-nos da linha marxista-leninista-maoista e da Liga Comunista Internacional, na qual um dos movimentos participantes (PCB maoísta) executou no dia 26 de Outubro um ataque terrorista na cidade de Londrina, no Brasil. Não nos associamos ao terrorismo como meio de assentar as nossas visões políticas com a classe trabalhadora, muito menos quando uma dessas ideias é a rejeição da participação dos parlamentos burgueses. Estes têm uma relativa importância a partir do momento que são utilizados não para serem unicamente utilizados como palco de realização de reformas, mas sim para palco de propaganda comunista, onde pode ser possível uma maior exposição das contradições do capitalismo e de como os partidos burgueses se alinham na defesa da minoria opressora.
Enquanto nos apegarmos a "ismos" ou a figuras históricas do marxismo sem a elas fazermos uma crítica impiedosa, iremos estar a decretar o Partido ao invés de construí-lo.