Já se passaram mais de dois meses desde que o Em Defesa da Revolução foi apresentado. Entretanto, com os desenvolvimentos da organização e a curiosidade de muitas pessoas, surgiram questões que devem ser esclarecidas. O nosso artigo introdutório fornece um panorama histórico e atual do Partido Comunista Português mas, sobre o nosso movimento, pouco é falado. Então, o que é o EDR? Quem pode militar? Quais são os nossos objetivos?
O que é o EDR?
Começando com a principal questão, o que é, de facto, o EDR? Podemos caracterizar-nos como uma facção clandestina do PCP, uma organização política que opera quer dentro quer fora do partido, com o objetivo da reconstrução do partido comunista em Portugal, revolucionário e internacionalista.
Porquê clandestino e a associação ao PCP
Neste momento, em Portugal, o PCP é a organização que agrega o maior número de pessoas que se consideram comunistas. Por isso, e acompanhando um movimento de reconstrução revolucionário que acontece a nível internacional (Espanha e Brasil, por exemplo), torna-se imperativa uma ação de agitação dentro deste espaço, de forma a consciencializar estes militantes que, de facto, o PCP não representa um programa revolucionário, acompanhada duma exposição das inúmeras quebras com o mínimo de bom senso (abusos, silenciamentos, discriminações, etc.), dos quais a maioria dos comunistas desconhece acontecer no meio partidário. Posto isto, é fundamental existir uma organização externa ao partido, não confinada por este, que execute este tipo de ações (e não só).
Como temos militantes no PCP, podemos considerar-nos uma facção, naturalmente clandestina, uma vez que o partido impede qualquer tipo de faccionismo. Estes militantes, descontentes com o atual rumo do partido, nunca antes tiveram para onde se virar, com as suas críticas sempre descartadas. A desmotivação muitas vezes acabava por levar camaradas com vontade de lutar à total desmobilização e perda de esperança num qualquer desenvolvimento revolucionário. No EDR, estas vozes são ouvidas. Para isso, o debate e a crítica são as nossas ferramentas para construir uma linha capaz de atingir os seus objetivos.
Qual a ação política para além do PCP e JCP?
Reconstruir o partido comunista é uma tarefa muito maior que qualquer organização atual. Por isso, o âmbito do EDR vai para além do PCP, de diversas formas possíveis, como a elaboração de artigos, ações públicas ou tarefas organizativas que possam surgir e, acima de tudo, na sua linha política.
Qual a linha política do EDR? Quem se pode juntar?
Qualquer organização política tem uma linha política, e o EDR não é exceção. Porém, por ser uma organização nova e prematura, esta limita-se aos nossos princípios, que surgem de uma análise marxista:
- Defesa da independência política face ao estado e partidos políticos da burguesia;
- Defesa da ditadura do proletariado como objetivo estratégico de luta;
- Defesa do internacionalismo proletário.
Qualquer camarada que concorde com os nossos princípios, está convidado a juntar-se ao Em Defesa da Revolução, independentemente de estar ou não associado a outra organização de cariz político.
O desenvolvimento e a expansão da organização serão acompanhados do desenvolvimento dum programa de intervenção e ação política, elaborada com o estudo e participação de todos os militantes do EDR, tendo sempre em conta o uso do método marxista de análise, os acontecimentos históricos das experiências da ditadura do proletariado e, pois claro, a análise das críticas externas.
A reconstrução do Partido Comunista
O partido comunista não pode ser decretado, mas sim construído. O principal objetivo do EDR é a reconstrução do Partido Comunista em Portugal, internacionalista e revolucionário. Devido à natureza desta tarefa, é lógico dizer que somos uma organização de caráter transitório, que deixará de existir quando esta missão for concluída.
Para enfrentar este desafio, é necessário um trabalho tanto ao nível da teoria como da prática. Requer desenvolvimento teórico em dois sentidos: uma formação constante, crítica e conjunta de todos os militantes; o desenvolvimento de análises da realidade a todos os níveis necessários, fundamental para a compreensão desta mesma realidade. Uma ação prática de mobilização, de consciencialização, de disputa e contacto tanto com os trabalhadores como mesmo os diversos sectos da esquerda comunista.